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Na verdade não escrevo mais aqui, pessoal. Me mudei, digamos assim, para o www.maluvargas.com onde abordo assuntos relacionados ao amor pela leitura, pela escrita e pela família, de um ponto de vista inevitavel e alegremente feminino. Meus escritos sobre educação estão atualmente guardados no hard disk. Sairão um dia, quem sabe. :)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Laços de família II

Outro dia me peguei falando rispidamente o nome da minha filha, com o intuito de lhe chamar a atenção, não por nada muitíssimo sério, mas porque naquele momento minha paciência estava fina como um elático estirado. Por que a falta de paciência com pouca coisa? Por que uma imagem tão distante daquela que eu gostaria de fazer de mim mesma, mais próxima dos livros sobre educação de filhos, que eu li e nos quais penso que me baseio? Porque é assim mesmo, quando se trata de vida sendo vivida e não de palavra pensada para ser deitada ao papel (ou tela). Porque criar filhos é uma confusão de sentimentos e a frustração nos pega no contrapé e nos leva a atitudes que, se filmadas e mostradas a nós, provocariam nossa vergonha.
Mas há um porém, no meu caso. Ao chamar irritadiçamente o nome de minha filha, que é propositadamente muito parecido com o meu, pronunciei foi o meu nome, mesmo. Fiquei um pouco chocada com a forma que tratei a mim (e a filha, não?), com a rigidez, rispidez comigo mesma. Pensei: ah, então é isto? Na impaciência com o filho fica demonstrada a impaciência conosco mesmo? Nas falhas que julgamos nele ver, estão espelhados nossos temores de nossos (supostos, talvez) fracassos? É a nós que desprezamos, em nossos filhos? De nossas esperanças, projetadas nas tentativas dos filhos, fazemos pouco caso, pois neles está inscrita nossa incapacidade ou, ainda, o temor de sermos descobertos como impotentes, ineptos. Alguns de nós passam a vida acovardados diante do temor de terem suas fraquezas reveladas - mesmo que aos olhos da sociedade sejam bem sucedidos - e exigem dos filhos perfeição. Exigem dos filhos, na verdade, que não os exponham como eles se vêem.

O amor e a paciência para comigo mesma parece ser o único caminho para educar minha filha com doçura. Para assegurar a ela um futuro onde não maltrate a si mesma. É verdade o que se diz, que a primeira modificação profunda que quisermos fazer no mundo é o mudar a nós mesmos. Cada indivívuo se ver com seus fantasmas.

Criar filhos é, sem dúvida, algo assustador.

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